Mais do que apenas viver é preciso ter fé em alguma coisa. Acreditar em algo maior, pois, sem isso, a sociedade seria um verdadeiro caos.
O que seria do homem sem o medo da fúria superior ou a esperança da recompensa divina por uma vida de boas ações?
Fazer o bem só fará sentido se existir o bem e o mal. E as pessoas no fundo o fazem por pensar que seus atos estão sendo avaliados por um Ser Superior que tudo vê.
Além disso, temos o fato da “realidade cômoda”. É mais fácil para as pessoas acreditarem em uma história pronta, que pune atos errados e gratifica os certos, que lhe diz como tudo começou e vai acabar, do que questionar e ponderar se tudo é verdade ou não. Optam pelo comodismo feliz, por algo que os faça acreditar que a vida não é apenas o que se vê.
Tenho uma amiga chamada Roberta. É a pessoa mais feliz que conheço. Casada há 10 anos, Roberta ama seu marido, tem uma vida alegre, estável, onde tudo está onde deveria estar.
Às vezes, e só às vezes, o marido de Roberta chega em casa tarde, recebe ligações misteriosas, faz viagens suspeitas, a trai.
Roberta nunca se importou, nunca questionou nada. Para ela a vida é perfeita. Questionar, para ela, talvez signifique descobrir uma verdade que ela não deseja que seja real.
Ao meu ver, essa verdade em que vive, faz de Roberta uma pessoa melhor, que crê no seu casamento, e é boa e agradecida por isso.
Assim funciona a Religião. Pode não ser a mais pura verdade, podemos às vezes ser traídos por histórias e acontecimentos que não fazem sentido, mas, no fim, nossa religiosidade, esse “querer crer em algo maior”, nos torna pessoas melhores. Queremos crer em algo melhor, queremos ter esperança, e é essa fé que nos impulsiona.
Muitas vezes abrimos mão de um questionamento maior em troca da felicidade, que depende apenas dessa fé para acontecer. Sabemos, no fundo, que nem tudo é verdade, mas ignoramos “detalhes” e damos à história o sentido que nos agrada. Alienados? Talvez. Mas confortáveis em uma realidade que nos faz bem, que nos torna pessoas melhores, como Roberta: a pessoa mais feliz que conheço.