terça-feira, 5 de junho de 2007

Busca Eterna...


Preciso de alguém que me olhe nos olhos quando falo; que ouça minhas tristezas e neuroses com paciência. E, ainda que não compreenda, respeite meus sentimentos. Preciso de alguém, que venha brigar ao meu lado sem precisar ser convocado. Alguém amigo o suficiente pra dizer-me as verdades que não quero ouvir, mesmo sabendo que posso odiá-lo por isso. Nesse mundo de céticos, preciso de alguém que creia nessa coisa misteriosa, desacreditada, quase impossível: a amizade. Que teime em ser leal, simples e justo, que não vá embora se algum dia eu perder o meu ouro e não for mais a sensação da festa. Preciso de um amigo que receba com gratidão o meu auxílio, a minha mão estendida. Mesmo que isto seja muito pouco para suas necessidades. Preciso de um amigo que também seja companheiro, nas farras e pescarias, nas guerras e alegrias, e que no meio da tempestade, grite em coro comigo: "nós ainda vamos rir muito disso tudo.” E ria muito. E nessa busca empenho a minha própria alma, pois com uma amizade verdadeira, a vida se torna mais simples, mais rica e mais bela...

(Charles Chaplin)

O Quase...

Esse texto é um mantra, algo que eu não poderia deixar de colocar aqui...

O Quase
(Luiz Fernando Veríssimo)

Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Para os erros há perdão, para os fracassos, chance, para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

A Fila do Banheiro

Verão "bombando", meu irmão e eu fomos passear no centro. Moro na praia e no verão ela se se enche de tal maneira que chaga a ser impossível andar de carro pela cidade em uma sexta a noite, por exemplo. Ficamos caminhando, dando voltas, mexendo com algumas gurias (totalmente sem sucesso, confesso), até cansar e nos sentarmos em um barzinho para descansar um pouco, beber uma cerveja e escutar a música que um guri franzino e com olheiras de boêmia, esforçava-se para tirar de um violãozinho meio velho à beira da rua. O caso é que ficamos ali conversando cerca de duas horas sem falar com mais ninguém. Eis que surge a hora de ir ao banheiro. Nada mais natural, dada a elevada quantidade de líquido ingerido. Vamos nós encarar uma fila enorme de guris e gurias também a espera da sua vez. Ali na fila duas gurias já puxaram papo, uns caras que estavam na volta também e ficamos naquela descontração até que chegasse a nossa vez.
O que me intriga é o fato de que durante horas de tentativas de fazer qualquer contato com outro ser humano, fracassamos. Mas na fila do banheiro, ao natural, durante 10 minutos, conversamos com mais pessoas do que ao longo das duas horas sentados no bar. O fato de todos naquele momento estarem na mesma fila, parece que nos tornou pessoas iguais, com necessidades em comum, como se pensássemos: -Bah, que legal, ela também quer ir ao banheiro! - ok, ok. isso já foi um exagero - Mas o interessante é que não importa de onde cada um veio ou o que possui. Naquela hora, deixamos de ser apenas pessoas em isolado e começamos a fazer parte de um grupo. Teoricamente falando, passamos a ser "o pessoal da fila". E penso que essa necessidade comum é que faz com que as redes sociais na internet tenham tanto sucesso. São pessoas com interesses em comum se relacionando, discutindo idéias e gostos. Passamos a ver que não estamos mais tão isolados nesse mundo, que não somos tão estranhos, ou pelo menos que há mais estranhos como nós lá fora. O fato de saber que um "porrilhão" de pessoas do outro lado do mundo, assim como eu, também gosta de fazer coisas banais, me alegra. Assim como me sinto menos ridículo ao saber que não sou o único que ainda assiste, às vezes, o Chaves - e o que é pior, dá muitas risadas - ou o único que gosta de ver desenhos apesar de já ter passado da idade.
E esse sentimento de grupo, essa ideia de comunidade e coletividade é que faz com que cada vez mais pessoas acessem facebooks da vida ou qualquer outro site destes.
Afinal de contas, ninguém gosta de ficar sozinho.