Verão "bombando", meu irmão e eu fomos passear no centro. Moro na praia e no verão ela se se enche de tal maneira que chaga a ser impossível andar de carro pela cidade em uma sexta a noite, por exemplo. Ficamos caminhando, dando voltas, mexendo com algumas gurias (totalmente sem sucesso, confesso), até cansar e nos sentarmos em um barzinho para descansar um pouco, beber uma cerveja e escutar a música que um guri franzino e com olheiras de boêmia, esforçava-se para tirar de um violãozinho meio velho à beira da rua. O caso é que ficamos ali conversando cerca de duas horas sem falar com mais ninguém. Eis que surge a hora de ir ao banheiro. Nada mais natural, dada a elevada quantidade de líquido ingerido. Vamos nós encarar uma fila enorme de guris e gurias também a espera da sua vez. Ali na fila duas gurias já puxaram papo, uns caras que estavam na volta também e ficamos naquela descontração até que chegasse a nossa vez.
O que me intriga é o fato de que durante horas de tentativas de fazer qualquer contato com outro ser humano, fracassamos. Mas na fila do banheiro, ao natural, durante 10 minutos, conversamos com mais pessoas do que ao longo das duas horas sentados no bar. O fato de todos naquele momento estarem na mesma fila, parece que nos tornou pessoas iguais, com necessidades em comum, como se pensássemos: -Bah, que legal, ela também quer ir ao banheiro! - ok, ok. isso já foi um exagero - Mas o interessante é que não importa de onde cada um veio ou o que possui. Naquela hora, deixamos de ser apenas pessoas em isolado e começamos a fazer parte de um grupo. Teoricamente falando, passamos a ser "o pessoal da fila". E penso que essa necessidade comum é que faz com que as redes sociais na internet tenham tanto sucesso. São pessoas com interesses em comum se relacionando, discutindo idéias e gostos. Passamos a ver que não estamos mais tão isolados nesse mundo, que não somos tão estranhos, ou pelo menos que há mais estranhos como nós lá fora. O fato de saber que um "porrilhão" de pessoas do outro lado do mundo, assim como eu, também gosta de fazer coisas banais, me alegra. Assim como me sinto menos ridículo ao saber que não sou o único que ainda assiste, às vezes, o Chaves - e o que é pior, dá muitas risadas - ou o único que gosta de ver desenhos apesar de já ter passado da idade.
E esse sentimento de grupo, essa ideia de comunidade e coletividade é que faz com que cada vez mais pessoas acessem facebooks da vida ou qualquer outro site destes.
Afinal de contas, ninguém gosta de ficar sozinho.